segunda-feira, 17 de maio de 2010

sempre ele

Pessoalmente, é um homem cordial e atencioso, sem qualquer vestígio da arrogância que acompanha alguns nomes do poder. Conversa sem pressa, e ouve com a mesma atenção com que explica suas verdades – quase sempre relativizadas de acordo com o contexto e o ouvinte. Pergunta, indaga, escuta, observa: parece aprender ao menos um tantinho com qualquer fato da vida, inclusive os mais corriqueiros ou principalmente com estes. Interessa-se, sempre, pelo outro, dando-lhe crédito em qualquer circunstância. Puxa a orelha e oferta o abraço confortante tão próprio. Cultiva a simplicidade dos verdadeiros humildes. Luxo, facilidades, dinheiro, vaidade, sucesso – os duvidosos valores contemporâneos parecem não afetar em nada suas escolhas, porque independente dos resultados da vida, quase sempre positivos, os pés continuam cravados no chão e a cabeça pensante. Tranca-se entre clássicos diversos e inúmeras publicações, como que agradecendo e cultivando seus dons. Aproveita a família, brinca com as crianças, fantasia-se de criança, faz piadas, conta histórias e doa carinho a todos sob seus olhares. Se pudesse modificar alguma coisa em si mesmo, seria um tantinho mais desapegado. Desapegado ao seu labor de todos os dias, de suas preocupações com as moléstias do mundo, com seus amados amantes. Se recebesse a chance de dobrar algum sentimento no mundo, multiplicaria a compreensão e a tolerância, embora sejam atributos completamente consolidados em sua alma. Oferta toda sua bondade e conforto com aquele olhar para o outro, que nele aparece e se consolida de forma tão natural e doce. Sim, sua vida é doce. Solidariedade aqui é palavra chave. Vive numa tranqüilidade ativa, próxima de um olhar tolerante para as coisas do mundo e dos homens, porém jamais se refugia dos resignados, como poderia parecer aos fracos, alimenta a alegria e dispensa as decepções. Afirma com tanta convicção que depende de cada pessoa transformar angústia em alívio: “muitas vezes o tempo passa e você compreende a situação, daí já deixa de ser decepção”. Para ele, o mundo gira, as filas andam, os imperativos modificam-se: “Na medida que a vida vai passando, a gente vai enxergando as coisas de maneira diferente”, parecendo transcrever os ensinamentos do vovô, meu, seu, nosso ídolo. Para os sábios, só vale protagonizar a cena quando se é sereno, simples; “não vergues, mas sê comedido”.

É isso aí, pai. Preciso me alimentar dessas tuas coisas boas.

4 comentários:

  1. Oi Carina: adorei o blog, mais ainda o que escreves com muito carinho e sentimento de reconhecimento. Abs Ricardo

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  2. Que linda reflexão, Carina! Em verdade, mesmo que a caminhada não seja só flores, sabemos que temos uns aos outros para nos apoiarmos e seguirmos em frente!
    Beijão!!

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  3. Oi Carininha:

    Li a carinhosa mensagem transcrita em teu blog, a meu respeito.
    Fiquei imensamente feliz, orgulhoso em tê-la como filha.
    Sabe, a vida passa tão depressa e os compromissos diários suprimem o tempo que teríamos para conversamos sobre outras coisas, que não somente de cunho profissional.
    De qualquer forma, sabes que te amo.
    Você já és uma vencedora, mas tens potencial para ser uma profissional de gande destaque. Creio em ti, filhota. Vamos juntos vencer os percalços que a vida nos oferece. Parabéns pela facilidade no trato com a escrita, sempre com boa fundamentação.
    Você sempre será minha "doce pimentinha".

    Beijos filha e obrigado...

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  4. Amada, que texto lindo!
    Que saudades de ti,

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