quinta-feira, 18 de março de 2010

I go back to...

Ele traz o rosto engolido pelo susto, preso em dúvidas impossíveis de desfazer com um abraço apertado. Acaba de virar a curva. Ela sorri, silenciosa e inocente. Ainda não imagina a dimensão do sofrimento futuro. Eles nunca precisaram compreender a sintonia entre felicidade e fracasso. A chuva miúda da semana inteira constrói poças do lado de fora da janela. Uma semana inteira de previsões, respingos, apertos. Nenhum dos dois lembrou do banho àquela manhã. Ela abre a porta, transbordando em expectativas. Ele segura seu corpo com as mãos firmes e a cabeça atolada em abismos incompreensíveis. “Agora é daqui pra frente”. Eles se assustam com a freqüência dos passos. Ela repara o vidro embaçado da porta da sacada. Será que jamais arranjaria alguém para dar jeito naquilo? Ele fecha os olhos, órfão de abrigos temporários. Reconhecia o inesperado daquela dor. Sinto vontade de gritar: “Desistam”. Haverá noites mal dormidas, desejos insatisfeitos, tensões imunes à esperança. Não consigo. “Vocês farão muito mal um ao outro, como só se faz a quem se ama”. Não consigo. “Nenhuma oração vai trazer de volta o melhor da alma”. Não consigo. Tudo ali transcende.

(... a tarde das estrelas no céu)